domingo, 9 de outubro de 2011

Autismo: por uma detecção precoce

http://http://www.youtube.com/watch?v=VbUvjvC2HaE&feature=bf_prev&list=FLxP6CH3jW-hf21qTGtBdVwg&lf=bf_next
(sobre epigenética)


(Sobre autismo)


O trabalho com educação inclusiva nos coloca nos desafios de tessituras micropolíticas que possam avançar em projetos que coloquem em cena a prevenção de psicopatologias graves nas pequenas crianças. Acima compartilhamos dois vídeos, um sobre detecção precoce e outro sobre epigenética. O trabalho sobre essa temática tem tido como pioneira a pesquisadora e psicanalista francesa Maria Christine Laznik.




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Existe um nome ao sofrimento?

Nomeando o sofrimento
Mário Corso

Em 1992 Richard P. Bentall escreveu um artigo para o Journal of Medical Ethics, seu intuito era propor que a felicidade fosse reconhecida como um transtorno psiquiátrico e enquadrada nas futuras classificações. Afinal, segundo ele, esse estado é estatisticamente anormal, sendo acompanhado por alguns sintomas, entre eles uma disfunção cognitiva, no sentido de uma percepção distorcida da realidade. As pessoas afetadas apresentam um quadro caracterizado pelo estado de euforia sem uma contrapartida real, o que pode ser uma desvantagem adaptativa. Não raro, nota-se uma relação elevada desse estado com comportamentos maníacos, obesidade e ingestão de álcool. Talvez, argumenta o doutor, seja reflexo de uma anomalia do sistema nervoso central, um estado neurobiológico de desinibição. O fato dessas pessoas não se considerarem doentes é irrelevante, pois é assim em muitos casos, nos quais os pacientes geralmente não têm crítica de seus estados patológicos. Por fim, exorta seus colegas a encontrar tratamento adequado a esse estado mórbido que quer chamar de: major affective, pleseant type.
Bentall utilizou em sua argumentação, para enquadrar a felicidade como distúrbio, o mesmo método que funda as categorias psiquiátricas que estamos acostumados a usar. Talvez esse artigo irônico seja o melhor meio para contestar a fragilidade conceitual que alicerça a nosografia que usamos.
            As classificações das doenças mentais surgiram para que os profissionais das áreas da saúde mental pudessem falar entre si sobre os pacientes e para, de alguma forma, poder prever certa evolução. Ou ainda porque um raciocínio dessa natureza se tornou necessário para efeitos sociais: como para fazer estatísticas, pensar políticas públicas, ou ainda normatizar coberturas por planos de saúde. O dilema é que essa busca por uma classificação científica inclinou os esforços da psiquiatria numa direção pouco produtiva no sentido da evolução da cura.
De fato, atribuir um nome ao sofrimento não necessariamente ajuda a combatê-lo. Embora seja fundamental que o profissional de saúde mental esteja sempre atento ao quadro com o qual está lidando e trabalhe em consonância com suas hipóteses clínicas, um diagnóstico preciso (considerando que isso seja possível), ao contrário de todos os quadros somáticos, não é imprescindível para um bom tratamento. Um diagnóstico aproximado é uma bússola suficiente, até porque deixa o profissional mais atento para sutilezas e mudanças bruscas. E por uma outra razão central: é simplesmente impossível enquadrar e classificar descritiva e meticulosamente as formas de sofrimento humano, podemos apenas ter aproximações, nada mais.
Esse espírito classificatório induziu, mesmo que os idealizadores dessas descrições não pensem com essa estreiteza, para uma visão essencialista da doença mental: passa a idéia que se alguém tem certa doença está fadado a um funcionamento daquela ordem; que o quadro seria uma forma de ser daquele sujeito, que cada sofrimento teria uma forma standard de se manifestar. Os diagnósticos na verdade são aproximações provisórias de formas de funcionamento mental, e não raro são mutantes. Embora muitos pacientes mantenham certa lógica por um tempo, outros funcionam de uma maneira agora e outra amanhã e o quadro de ontem não necessariamente era um desses dois. Um diagnóstico seria mais uma forma de “estar” não de “ser”, por isso a fluidez faz parte. O melhor é usar um diagnóstico como se usa um andaime numa obra, aquilo não faz parte realmente e será retirado no fim. Apenas ajuda (ao terapeuta, e raro ao paciente, enquanto uma direção medianamente confiável) durante o processo de cura em curso.
Atribuir um nome ao sofrimento acarreta ainda outro efeito colateral negativo: quem sofre geralmente passa por uma crise de identidade, portanto se alguém, numa posição de poder social, diz que ele é tal coisa, é bem provável que ele adira ao rótulo independente da adequação deste à sua realidade. Afinal, é melhor ter um nome para uma doença do que nada. Embora a nomeação forneça um ganho rápido aplacando a angústia, a falta de significação para sua dor, logo após faz resistência aos outros passos, ancorando o paciente numa formação imaginária de sentido, e acaba atrapalhando a evolução da cura. Já a recusa a dar um nome ao sofrimento, quando isso é possível, lança o sujeito numa busca própria por definir quem é, o que de fato está acontecendo, e qual seu caminho para sair da crise. 
As formas do sofrimento são diferentes porque os humanos são extraordinariamente diversos, o que torna a empresa classificatória desanimadora. Não obstante, certos profissionais seguiram em frente, mas para conseguir lograr uma lógica operante tiveram que retirar variáveis dessa equação, especialmente os vetores históricos e sociais. Por exemplo, pense em entender o sofrimento atual sem levar em conta os fatores como a mudança no equilíbrio de poder dos sexos e das formas de gozar, que retirou todas as (falsas) certezas que nos apoiavam até meados do findo século XX; a família, fonte ancestral de apoio psíquico, sofreu uma revolução que esfarelou as formas tradicionais em apenas duas gerações; o outro arrimo que era a religião perdeu muito de sua força, ou ainda a invenção da adolescência que tomou a sua forma no pós-guerra e coloca num limbo provisório, e em pé de guerra, uma parte da população. Sem falar do culto ao corpo e à saúde, ou ainda a busca da felicidade a qualquer preço, que se constitui no andar debaixo do momento de forte drogadição que vivemos. Suprimindo variáveis como essas, o resultado é uma visão de homem onde ele se parece a uma máquina neural, como se fosse possível uma forma de ser atemporal, apenas uma natureza básica imutável que apenas adapta-se à força das ondas. Visando a objetividade apagou-se a fala, pergunta-se apenas por comportamentos, humores, por sintomas visíveis e dessa massa de informações tenta se extrair um diagnóstico.
Desnecessário lembrar que esse tipo de raciocínio tende a ser fortemente adaptativo, pois, se perdemos a crítica da sociedade e das instituições onde estamos inseridos, é como se todos devêssemos ou pudéssemos nos adequar a qualquer sociedade em qualquer momento. Longe de ser um desvio epistemológico, esse ethos classificatório é a expressão direta da forma utilitarista e mercantilista de pensar o homem, ou seja, ele que se adapte e seja útil, que cumpra sua função na engrenagem social.
O elo que falta dessa lógica é a medicação. Reduzido a doença mental a um cérebro problemático, ela foi traduzida como um déficit químico, portanto basta descobrir um remédio específico para cada quadro. Recém começa a ser desvelada a verdadeira força da indústria farmacêutica nesse atual panorama, vendida como ciência de ponta, o envolvimento dos pesquisadores com tal indústria deixa muito a pensar o quanto se expressa a força de um lobby e onde começa mesmo a ciência. A medicação trouxe benefícios inestimáveis para todos, mas seus verdadeiros benefícios são superdimensionados. Aliás, se o ganho com as medicações fossem realmente revolucionários, viveríamos um momento de declínio dos quadros de sofrimento, quando estamos constatando é um aumento de todas patologias. Algo não anda bem nas nossas estratégias e no setor de armamentos, estamos perdendo a guerra.
Começaram sair livros e artigos que desafinam o consenso da psicopatologia atual. Destaco o livro recém lançado cuja leitura resumo nas linhas acima: O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea (Ed. Via Lettera, 2011) de Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik (orgs.) Nove autores brasileiros, nove argentinos, uma mexicana e uma francesa, trazem sua experiência com as categorias psiquiátricas. Entre outros, escrevem Maria Rita Kehl, Ricardo Goldenberg, e aqui, de Porto Alegre, contribuem Nilson Sibemberg e Ana Costa. O sofrimento humano dá muito que falar, mas nem sempre a minúcia descritiva e classificatória lança luz sobre um campo obscuro.

"Curta a Inclusão" _ formação dos apoios à inclusão

Poema elaborado por apoio à inclusão da EMEF Helena Canho Sampaio, a partir do desafio de compor escritos sobre o trabalho com educação inclusiva.

Em breve, seguem os vídeos elaborados pelo coletivo!

Afinal, o que e inclusão?
Por a mão em um coração que está de fora,
Lançar outro olhar para um coração que já está dentro?
Feito barco que uma vez tendo ido embora
Não se reconhece mais no cais onde mora
Vive perdido em outros mares, onde chora
Mas na sua casa não se houve o seu lamento

Pode chamar de loucura, de delírio, perversão
Pode por um esparadrapo ao redor do coração
Pode espernear que não é justo, desmedido, compaixão
Não é nada disso, é só devir
Tampouco é fingimento, mania ou mentir
É só mais um acorde da paixão
É só mais uma face do teu irmão
Já não é mais utopia, é inclusão.
                          (Edson Leal)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Oficina de Professores II

[Link para o Correio da Associação Psicanalítica de Porto Alegre, intitulado (À) MARGEM DA ESCOLA. Destacamos como disparador para as tessituras coletivas da oficina de professores II os capitulos II (de Elaine Millman, p. 15-20) e III (de Ana Marta Meira, p. 21-30)]

http://www.appoa.com.br/download/correio114.pdf

Oficina de Professores III

[Texto disparador para 'os desejos das bolsas amarelas']

Fragmentos de tessituras singulares I

[Composição textual elaborada pela professora Simone S. Jacques, da Sala de Recursos Multifuncional da EMEF Bento Gonçalves, em seus encontros com a artesania do trabalho em educação inclusiva]

"O luto pela perda do filho ideal ocorre em diferentes fases da vida. A escola muitas vezes colabora para esta 'morte', mas também abre possibilidades para a beleza do nascimento de um sujeito".

Para além dos rótulos, existências possíveis

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Fanzines

Fanzines produzidos em Formação de Apoios à Inclusão tendo como temas geradores: "Ser Apoio à Inclusão na Escola" e "Educação Inclusiva na cidade".




















Cartografias da Inclusão

             O que significa cartografar a inclusão? É o mapear, dar sentidos, realizar trajetórias, caminhos, escutas, percorrer territórios, movimentar-se e analisar estes movimentos que se entrelaçam na comunidade escolar na perspectiva de uma escola para todos.
            A educação inclusiva na Escola Cidadã realiza um deslocamento de olhares e construção de pontes entre os mais diversos sujeitos pertencentes ao espaço escolar. O fio que tece o trabalho do Setor de Educação Inclusiva e Diversidade na Secretaria Municipal de Educação e Desporto de Novo Hamburgo envolve o acompanhamento às escolas e a cada singularidade que emerge em relação às aprendizagens dos sujeitos.
            Orienta-se através dos princípios da Política Nacional da Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva (MEC/SEESP- Portaria 555/2007) e o que se pretende é realizar uma costura ética com a cartografia, que pressupõe dar consistência aos movimentos e transformações necessárias a cada aluno de forma que ele tenha direito ao acesso , permanência e aprendizado na escola garantidos por lei.
            E nesse sentido, anda em consonância com o  Pacto pela Aprendizagem - Todos Tem o Direito de Aprender, que por sua vez cartografa o trabalho colaborativo e de parceria com as Redes de Atendimento  na medida que otimiza e promove o fazer pedagógico. As estratégias e caminhos de ambos se dão em função daquilo que o contexto demanda. Como diz Suely Rolnik (2006): “todas as entradas são boas desde que as saídas sejam múltiplas.”
            Dentro destas múltiplas cartografias que envolvem a inclusão, atualmente o Setor de Ed. Inclusiva e Diversidade assessora e acompanha as Salas de Recursos Multifuncionais, com o Atendimento Educacional Especializado (AEE) aos alunos com necessidades educacionais especiais. Conforme a legislação, esse atendimento disponibiliza programas de enriquecimento curricular, ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistiva. O AEE está articulado com a proposta pedagógica do ensino regular, com vistas à autonomia e independência destes alunos na escola e fora dela. Além disso, o setor também abre espaços de formação permanente aos trabalhadores da educação e organiza a abertura do trabalho no ambiente virtual através do blog (www.cartografiasdainclusao.blogspot.com) a partir das experiências das escolas com a educação inclusiva. Mantemo-nos no constante exercício das costuras em rede, que buscam colocar a diferença em cena na cidade.


ENTRE CAMINHOS JÁ TRILHADOS E NOVAS TRAJETÓRIAS
(Diferenças entre Salas de Recursos e Sala de Recursos Multifuncional):


Salas de Recursos
Sala de Recursos Multifuncional
Período
De 2002 até 2009.

Efetivou-se a partir de 2010.
Público-alvo
Alunos em dificuldade de aprendizagem e alunos com necessidades educacionais especiais.
Atendimento em grupos de 4 alunos.
Alunos com necessidades educacionais especiais (transtornos globais do desenvolvimento, deficiências e altas habilidades/superdotação), atendidos individualmente no contraturno.                                                                                                                                                                                                     
Nº de salas
Em 2009 existiam 27.
Em 2011 existem 39.
Metodologia
Trabalhava com os alunos dentro de uma perspectiva ludica.
Identifica, elabora e organiza recursos pedagógicos e de acessibilidade, que eliminem as barreiras físicas e curriculares para estes alunos.
Conceito
Entendida como um atendimento  de enfoque psicopedagógico, partindo da perspectiva do  aluno.
É um serviço da educação especial existente dentro da escola de caráter não substitutivo e sim complementar ao ensino regular. Contempla à plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas (SEESP/MEC, 2008). Consiste também no apoio e orientação aos professores e às famílias almejando a autonomia e a independência do aluno atendido.

Texto publicado no encarte NH na Escola (Jornal NH dia 26 de agosto de 2011)