quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Audiodescrição


Curso Audiodescrição e suas intersecções com a Educação tem inscrições abertas
Extensão certificada pela UFRGS começa em março e vai até junho na Faculdade de Educação da Universidade, em Porto Alegre

Estão abertas as inscrições para o curso de extensão Audiodescrição e suas intersecções com a Educação, da Faculdade de Educação da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 – Centro Histórico – Porto Alegre/ RS). As aulas ocorrem de 16 de março a 29 de junho, sempre aos sábados pela manhã. O curso destina-se a professores de todas as áreas do conhecimento, pedagogos, profissionais que atuam em museus, bibliotecas, teatros e centros culturais, produtores culturais, comunicadores e gestores culturais (alunos da UFRGS ou da comunidade externa).

As atividades são oferecidas pela equipe da Tagarellas Audiodescrição, tendo como coordenadores Felipe Mianes (historiador e doutorando em Educação pela UFRGS) e Mariana Baierle (jornalista e mestre em Letras pela UFRGS) – ambos com baixa visão e audiodescritores consultores. Como professoras convidadas estão Mimi Aragón (publicitária e roteirista de audiodescrição) e Marcia Caspary (locutora, roteirista e narradora de audiodescrição). Toda a equipe da Tagarellas Audiodescrição tem formação específica na área e experiência em audiodescrição de publicações impressas, materiais didáticos, exposições de arte, peças de teatro, filmes, espetáculos de dança, seminários e eventos.

O curso tem o objetivo de instrumentalizar profissionais da área da Educação – não somente restrita à sala de aula, mas como um todo, envolvendo diversos ambientes de ensino, inclusive os culturais – para que conheçam o recurso e possam aplicá-lo de modo a tornar os espaços culturais acessíveis a todos. Tendo em vista que a formação de um audiodescritor profissional não caberia em apenas um semestre de extensão universitária, busca-se, neste curso, proporcionar uma introdução sobre o recurso, abordando aspectos da legislação brasileira, da ampliação de sua aplicabilidade e das intersecções com o campo da Educação.

A carga é de 60 horas, com valor único de R$ 350,00 e certificação pela Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS. Todas as informações referentes às inscrições, cronograma, ementa e bibliografia estão no blog do curso: educadfaced.blogspot.com.br.
-- 
Tagarellas Produções
+55 51 3217 4837+55 51 8118 9814

domingo, 16 de setembro de 2012

Curta a Inclusão e Diversidade

É com muita alegria que compartilhamos o blog da 1a. Mostra Experimental de Curtas Metragens CURTA A INCLUSÃO E DIVERSIDADE, fruto de uma aposta em compor intervenções no campo da arte e do audiovisual.

A Mostra irá acontecer nos dia 22 e 23 de novembro, no espaço do CINESPAÇO Novo Shopping (NH), com a abertura e Cine Debate do filme 'Colegas', vencedor do Festival de Cinema de Gramado (2012). E no dia 23 contaremos com a exibição dos curtas metragens nos espaços culturais Albano Hartz e Cinespaço.

Não perca!
As inscrições vão até 24 de setembro de 2012!

BLOG da MOSTRA: curtainclusao.blogspot.com.br

sábado, 28 de abril de 2012

Na poética da delicadeza: nos fios de Arthur Bispo do Rosário e da olimpíada para todos

Um fio.
Arthur Bispo do Rosário, entre silenciosos barulhos, foi, dia a dia, costurando sua poética de mundo: mundo esse onde seria possível reiventar estéticas, e no qual os pequenos instantes da existência humana iam se reinventando, adquirindo novos contornos. Arthur Bispo já forjava uma reforma psiquiátrica muito antes dela coletivamente se fazer diluir pelos poros, com movimentos micropolíticos que marcavam sua expansão para além muros, para além rótulos.

Uma poética.
A possibilidade de inventar um espaço-de-subversão-coletiva, onde a infância, pré-adolescência, adolescência pudessem se experimentar, na sua singularidade, numa proposta de corpo-esporte-intensidade.

Uma delicadeza.
Entre ares molhados de uma competição de natação, fios de delicadeza. A aceleração das pernadas, o sorriso dos nadadores que apertavam as pernas do tempo para logo chegarem. Ao mesmo tempo, as pernadas em tempos outros, onde a intensidade da experiência podia se dar com um toque, um mergulho, um abraço. A surpresa-que-molhava-as-pálpebras-marejadas ao se perceber as lutas diárias produzem, sim, mudanças.
Os muros da exclusão hoje tiveram um tanto de suas pedras diluidas no ar.






sexta-feira, 6 de abril de 2012

Atelier, Arte e Educação

{convite}
ATELIER, ARTE E EDUCAÇÃO_
espaços de fuga da deficiência na deficiência em Arthur Bispo do Rosário e Manoel de Barros

[http://acessibilidadecultural.wordpress.com/2012/03/17/atelier-arte-e-educacao-espacos-de-fuga-da-deficiencia-na-deficiencia-em-arthur-bispo-do-rosario-e-manoel-de-barros/]

Duração: 10 semanas de curso

Carga Horária: 30 h

Local: Faculdade de Educação / Plataforma Moodle

Inscrição:

Data: 09/03/2012 até 09/04/2012

Envie uma mensagem solicitando sua inscrição neste curso: atelier.eduarte@gmail.com

Público alvo:

Estudantes de Licenciatura, Professores das Redes de ensino público e privado, Artistas e interessados na temática.

Obs.: As atividades se darão a distância, semanalmente, com propostas previamente postadas no ambiente virtual moodle e informadas aos participantes. O link para acesso da plataforma será enviado, por e-mail, posteriormente para os inscritos.

Sobre o curso:

Pretende-se explorar um espaço de leitura, estudo e experimentação acerca da marca da deficência num cruzamento de relatos em rizoma, que entrecruza a Arte e a Educação e potencializa espaços de fuga.

Esta proposta de ação de extensão quer propor (re) pensar alguns rótulos, algumas marcas, alguns lugares escolhidos previamente e destinados ao outro, ao estranho, àquele que tem um déficit, àquele que apresenta deficiência. No caso específico deste esboço, o outro que carrega a marca do déficit de aprendizagem. Esse outro é um sujeito que não está “preso” a tal marca determinadora do seu “nível intelectual”. A Arte é potencial para produzir espaços de fuga e devires outros de alunos que estão incluídos no ensino comum. Bispo do Rosário foi um louco-artista. Manoel de Barros sofre de uma doença incurável é poeta-vagabundo. E as relações entre imagens e textos não são discursos que se colocam uns sobre os outros, são interconexões que falam de “conversas com”, de conversações, de arte e texto, de maneira que são encontros constitutivos mais do que prescritivos. Pode-se perceber o inefável, o que se considera difícil de expor em palavras, que escapa aos olhos.

Coordenadores:

Profª Ms Daniele Noal – FACED/UFRGS

Profº Esp. Wagner Ferraz – INDEPIn / convidado



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Entrelaçando Acessibilidade, Cultura e Arte!

Nesse verão que nos derrete, um convite: os ares porto-alegrenses convidam para OFICINAS SOBRE ACESSIBILIDADE, articulando cultura e arte na garantia de uma cidade para todos.
Aventurem-se no link: http://www.santandercultural.com.br/programacao/reflexao.asp .

As oficinas acontecem nas terças-feiras, às 17h30min, no Santander Cultural, de 17/01/2012 a 14/02/2012.

Há também a possibilidade de diversas oficinas de libras, autodescrição, braile, mapas táteis além de outras que instigam nosso potencial criativo!

domingo, 9 de outubro de 2011

Autismo: por uma detecção precoce

http://http://www.youtube.com/watch?v=VbUvjvC2HaE&feature=bf_prev&list=FLxP6CH3jW-hf21qTGtBdVwg&lf=bf_next
(sobre epigenética)


(Sobre autismo)


O trabalho com educação inclusiva nos coloca nos desafios de tessituras micropolíticas que possam avançar em projetos que coloquem em cena a prevenção de psicopatologias graves nas pequenas crianças. Acima compartilhamos dois vídeos, um sobre detecção precoce e outro sobre epigenética. O trabalho sobre essa temática tem tido como pioneira a pesquisadora e psicanalista francesa Maria Christine Laznik.




segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Existe um nome ao sofrimento?

Nomeando o sofrimento
Mário Corso

Em 1992 Richard P. Bentall escreveu um artigo para o Journal of Medical Ethics, seu intuito era propor que a felicidade fosse reconhecida como um transtorno psiquiátrico e enquadrada nas futuras classificações. Afinal, segundo ele, esse estado é estatisticamente anormal, sendo acompanhado por alguns sintomas, entre eles uma disfunção cognitiva, no sentido de uma percepção distorcida da realidade. As pessoas afetadas apresentam um quadro caracterizado pelo estado de euforia sem uma contrapartida real, o que pode ser uma desvantagem adaptativa. Não raro, nota-se uma relação elevada desse estado com comportamentos maníacos, obesidade e ingestão de álcool. Talvez, argumenta o doutor, seja reflexo de uma anomalia do sistema nervoso central, um estado neurobiológico de desinibição. O fato dessas pessoas não se considerarem doentes é irrelevante, pois é assim em muitos casos, nos quais os pacientes geralmente não têm crítica de seus estados patológicos. Por fim, exorta seus colegas a encontrar tratamento adequado a esse estado mórbido que quer chamar de: major affective, pleseant type.
Bentall utilizou em sua argumentação, para enquadrar a felicidade como distúrbio, o mesmo método que funda as categorias psiquiátricas que estamos acostumados a usar. Talvez esse artigo irônico seja o melhor meio para contestar a fragilidade conceitual que alicerça a nosografia que usamos.
            As classificações das doenças mentais surgiram para que os profissionais das áreas da saúde mental pudessem falar entre si sobre os pacientes e para, de alguma forma, poder prever certa evolução. Ou ainda porque um raciocínio dessa natureza se tornou necessário para efeitos sociais: como para fazer estatísticas, pensar políticas públicas, ou ainda normatizar coberturas por planos de saúde. O dilema é que essa busca por uma classificação científica inclinou os esforços da psiquiatria numa direção pouco produtiva no sentido da evolução da cura.
De fato, atribuir um nome ao sofrimento não necessariamente ajuda a combatê-lo. Embora seja fundamental que o profissional de saúde mental esteja sempre atento ao quadro com o qual está lidando e trabalhe em consonância com suas hipóteses clínicas, um diagnóstico preciso (considerando que isso seja possível), ao contrário de todos os quadros somáticos, não é imprescindível para um bom tratamento. Um diagnóstico aproximado é uma bússola suficiente, até porque deixa o profissional mais atento para sutilezas e mudanças bruscas. E por uma outra razão central: é simplesmente impossível enquadrar e classificar descritiva e meticulosamente as formas de sofrimento humano, podemos apenas ter aproximações, nada mais.
Esse espírito classificatório induziu, mesmo que os idealizadores dessas descrições não pensem com essa estreiteza, para uma visão essencialista da doença mental: passa a idéia que se alguém tem certa doença está fadado a um funcionamento daquela ordem; que o quadro seria uma forma de ser daquele sujeito, que cada sofrimento teria uma forma standard de se manifestar. Os diagnósticos na verdade são aproximações provisórias de formas de funcionamento mental, e não raro são mutantes. Embora muitos pacientes mantenham certa lógica por um tempo, outros funcionam de uma maneira agora e outra amanhã e o quadro de ontem não necessariamente era um desses dois. Um diagnóstico seria mais uma forma de “estar” não de “ser”, por isso a fluidez faz parte. O melhor é usar um diagnóstico como se usa um andaime numa obra, aquilo não faz parte realmente e será retirado no fim. Apenas ajuda (ao terapeuta, e raro ao paciente, enquanto uma direção medianamente confiável) durante o processo de cura em curso.
Atribuir um nome ao sofrimento acarreta ainda outro efeito colateral negativo: quem sofre geralmente passa por uma crise de identidade, portanto se alguém, numa posição de poder social, diz que ele é tal coisa, é bem provável que ele adira ao rótulo independente da adequação deste à sua realidade. Afinal, é melhor ter um nome para uma doença do que nada. Embora a nomeação forneça um ganho rápido aplacando a angústia, a falta de significação para sua dor, logo após faz resistência aos outros passos, ancorando o paciente numa formação imaginária de sentido, e acaba atrapalhando a evolução da cura. Já a recusa a dar um nome ao sofrimento, quando isso é possível, lança o sujeito numa busca própria por definir quem é, o que de fato está acontecendo, e qual seu caminho para sair da crise. 
As formas do sofrimento são diferentes porque os humanos são extraordinariamente diversos, o que torna a empresa classificatória desanimadora. Não obstante, certos profissionais seguiram em frente, mas para conseguir lograr uma lógica operante tiveram que retirar variáveis dessa equação, especialmente os vetores históricos e sociais. Por exemplo, pense em entender o sofrimento atual sem levar em conta os fatores como a mudança no equilíbrio de poder dos sexos e das formas de gozar, que retirou todas as (falsas) certezas que nos apoiavam até meados do findo século XX; a família, fonte ancestral de apoio psíquico, sofreu uma revolução que esfarelou as formas tradicionais em apenas duas gerações; o outro arrimo que era a religião perdeu muito de sua força, ou ainda a invenção da adolescência que tomou a sua forma no pós-guerra e coloca num limbo provisório, e em pé de guerra, uma parte da população. Sem falar do culto ao corpo e à saúde, ou ainda a busca da felicidade a qualquer preço, que se constitui no andar debaixo do momento de forte drogadição que vivemos. Suprimindo variáveis como essas, o resultado é uma visão de homem onde ele se parece a uma máquina neural, como se fosse possível uma forma de ser atemporal, apenas uma natureza básica imutável que apenas adapta-se à força das ondas. Visando a objetividade apagou-se a fala, pergunta-se apenas por comportamentos, humores, por sintomas visíveis e dessa massa de informações tenta se extrair um diagnóstico.
Desnecessário lembrar que esse tipo de raciocínio tende a ser fortemente adaptativo, pois, se perdemos a crítica da sociedade e das instituições onde estamos inseridos, é como se todos devêssemos ou pudéssemos nos adequar a qualquer sociedade em qualquer momento. Longe de ser um desvio epistemológico, esse ethos classificatório é a expressão direta da forma utilitarista e mercantilista de pensar o homem, ou seja, ele que se adapte e seja útil, que cumpra sua função na engrenagem social.
O elo que falta dessa lógica é a medicação. Reduzido a doença mental a um cérebro problemático, ela foi traduzida como um déficit químico, portanto basta descobrir um remédio específico para cada quadro. Recém começa a ser desvelada a verdadeira força da indústria farmacêutica nesse atual panorama, vendida como ciência de ponta, o envolvimento dos pesquisadores com tal indústria deixa muito a pensar o quanto se expressa a força de um lobby e onde começa mesmo a ciência. A medicação trouxe benefícios inestimáveis para todos, mas seus verdadeiros benefícios são superdimensionados. Aliás, se o ganho com as medicações fossem realmente revolucionários, viveríamos um momento de declínio dos quadros de sofrimento, quando estamos constatando é um aumento de todas patologias. Algo não anda bem nas nossas estratégias e no setor de armamentos, estamos perdendo a guerra.
Começaram sair livros e artigos que desafinam o consenso da psicopatologia atual. Destaco o livro recém lançado cuja leitura resumo nas linhas acima: O Livro Negro da Psicopatologia Contemporânea (Ed. Via Lettera, 2011) de Alfredo Jerusalinsky e Silvia Fendrik (orgs.) Nove autores brasileiros, nove argentinos, uma mexicana e uma francesa, trazem sua experiência com as categorias psiquiátricas. Entre outros, escrevem Maria Rita Kehl, Ricardo Goldenberg, e aqui, de Porto Alegre, contribuem Nilson Sibemberg e Ana Costa. O sofrimento humano dá muito que falar, mas nem sempre a minúcia descritiva e classificatória lança luz sobre um campo obscuro.