sábado, 28 de abril de 2012

Na poética da delicadeza: nos fios de Arthur Bispo do Rosário e da olimpíada para todos

Um fio.
Arthur Bispo do Rosário, entre silenciosos barulhos, foi, dia a dia, costurando sua poética de mundo: mundo esse onde seria possível reiventar estéticas, e no qual os pequenos instantes da existência humana iam se reinventando, adquirindo novos contornos. Arthur Bispo já forjava uma reforma psiquiátrica muito antes dela coletivamente se fazer diluir pelos poros, com movimentos micropolíticos que marcavam sua expansão para além muros, para além rótulos.

Uma poética.
A possibilidade de inventar um espaço-de-subversão-coletiva, onde a infância, pré-adolescência, adolescência pudessem se experimentar, na sua singularidade, numa proposta de corpo-esporte-intensidade.

Uma delicadeza.
Entre ares molhados de uma competição de natação, fios de delicadeza. A aceleração das pernadas, o sorriso dos nadadores que apertavam as pernas do tempo para logo chegarem. Ao mesmo tempo, as pernadas em tempos outros, onde a intensidade da experiência podia se dar com um toque, um mergulho, um abraço. A surpresa-que-molhava-as-pálpebras-marejadas ao se perceber as lutas diárias produzem, sim, mudanças.
Os muros da exclusão hoje tiveram um tanto de suas pedras diluidas no ar.






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